Coisas que não têm necessariamente a ver com a minha vida

"Há mil e uma razões que nos podem fazer querer partir para outra relação. Há as mais óbvias, e depois aquelas que não matam mas moem, as que nos vão destruindo devagarinho até ao momento em que nos fartamos da vida, de nós, do outro, e queremos liberdade, que nos deixem em paz, queremos que nos deixem viver, que nos deixem voltar a ser quem já fomos. 
Uma relação raramente é saudável quando uma das partes se sente asfixiada pela outra. Essa asfixia nem sempre é óbvia, pode não ser até momentânea, é quase imperceptível, mas é aquele apertar de mão que começa num dia e vai aumentando de força semana após semana. Na verdade, quando olhamos para a semana anterior, até podemos achar que está tudo na mesma, porque temos uma mão no pescoço, mas a pressão até parece a mesma. Só que não é. É só um bocadinho maior. E isso quase não se nota, quase não se sente, mas a pressão está lá. E vai aumentando devagar, sem se dar por ela, até que nos sufoca de vez.Muitas vezes, para aliviarmos a tensão, a pressão, a tal asfixia, cedemos, deixamos de ir almoçar com esta e aquela pessoa porque isso chateia o outro, deixamos de ir ao ginásio porque isso chateia o outro, deixamos de ir ao cinema porque isso chateia o outro, deixamos de acordar cedo e ir passear porque o outro não quer ficar em casa sozinho na cama, deixamos de ir jogar à bola com os amigos porque ela não quer ficar sozinha em casa, deixamos de ler porque o outro quer companhia a ver televisão, deixamos de tratar de nós porque o outro quer o jantar pronto a horas, e depois, um dia, vai-se a ver, e deixámos de ser nós, deixámos de nos reconhecer, e somos apenas um reflexo do que o outro espera que nós sejamos. E esse reflexo é quase sempre uma pessoa menor, mais desinteressante, menos ambiciosa, menos feliz, menos radiosa, menos entusiasmada, menos apaixonada, menos tudo. Entrámos numa relação para sermos uma pessoa menor do que aquela que já fomos.
E que sentido é que isto faz? Quem é que consegue ser feliz assim? As relações, sejam namoros sérios, sejam casamentos, não podem ser clausuras nem estádios que nos tiram dimensão humana. Devem ser etapas de crescimento e conhecimento mútuo. Devemos procurar crescer e fazer crescer, promover a descoberta e o conhecimento, e não o contrário. Mas o que acontece, muitas vezes, é o contrário. E acontece porque as pessoas são demasiado diferentes e teimam nas suas diferenças, como se fossem traços de caráter imutáveis e irreversíveis. 
Toda a gente pode e deve mudar, se essa mudança for para melhor. Mas nem todos estão dispostos a esse esforço e continuam a achar que é obrigação do outro amar-nos tal como somos, aceitar essas diferenças, resignar-se, e pronto, aprender a viver com elas. Claro que há coisas que são assim, mas há muitas que não são. Não nos podemos vergar perante atitudes do outro que nos afectam e nos tornam piores. Uma relação não é uma vida no plural, são duas vidas que convergem num mesmo caminho, se esse caminho as fizer felizes. E quando não faz, essas mesmas duas vidas mudam de rumo, procuram outra estrada, porque aquela as leva a lado nenhum. E por essa, acho, ninguém quer ir."

By: O Arrumadinho

Só porque ainda ontem andei a pensar nesta questão de Egos que se asfixiam uns aos outros...e por coincidência ou não encontrei este textinho que até fala bem da coisa. E para avisar que no meu Ego mais ninguém toca para fazer mal que eu não vou deixar. Nunca mais. No entanto tudo serve para aprendermos e eu aprendi que o respeito e o tentarmos moldar-nos ao outros pode ser algo que nos faz muito felizes e em que descobrimos coisas novas sobre nós. E isto não acontece sempre com toda a gente porque não é nada fácil. Acreditem que é difícil. As vezes era pura e simplesmente muito mais fácil que um de nós fosse fácil. Que fossemos fáceis, pronto, que não tivessemos personalidades bem definidas, que não tivéssemos ideias bem claras, que não fossemos assim, tão cheios de nós. Mas lá está, se assim fosse, se um de nós fosse assim simples, seguramente não estávamos aqui hoje, porque seguramente não tínhamos o que temos a ver um com o outro.



PS: Este senhor até escreve bem...deve ser para equilibrar a cena :p

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